sexta-feira, 7 de agosto de 2009

MISERICÓDIA QUERO E NÃO HOLOCAUSTOS!

MISERICÓRDIA QUERO E NÃO HOLOCAUSTOS!

“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.”
Jo 13:35

O que tenho feito pelo Evangelho? A minha vida tem servido de padrão referencial para os que não crêem? As críticas que tenho tecido à igreja atual, aos ministérios que se proliferam pelo mundo, aos líderes que alcançaram certa proeminência e glamour, aos irmãos que freqüentam a mesma comunidade que eu e às pessoas marginalizadas da sociedade, têm sido críticas que trazem no seu bojo o amor e a misericórdia?
Essas perguntas chegaram ao meu coração após eu ter lido um texto cheio de bílis e fel de um certo “Bereano”. Em um primeiro momento concordei com ele e até vibrei com sua ousadia em escrever uma crítica tão ácida sobre alguns muitos exageros que têm sido cometidos em nome do Evangelho. Seu veneno foi derramado sobre figuras conhecidas da igreja brasileira, e, apesar de concordar em alguns pontos, me vi depois entristecido com a falta de amor com que a crítica foi feita.
Jesus não nos disse que o que nos tornaria conhecidos como discípulos dEle seria a denominação à qual pertenceríamos, o movimento que acompanharíamos, se creríamos ou não na contemporaneidade dos dons, se seríamos adoradores “extravagantes” ou serenos, se seguiríamos esse ou aquele líder, se nos organizaríamos em células ou em congregações, ou se seríamos tradicionais, pentecostais, renovados ou carismáticos. Ele nos diz que seríamos conhecidos como seus discípulos se nos amássemos uns aos outros. O mandamento que Ele nos deixou foi que nos amássemos assim como Ele nos amou (Jo 13:34). Se observarmos com atenção o que está escrito nos Evangelhos, perceberemos como temos agido contrariamente a este mandamento.
Deveríamos nos sentir constrangidos por agir como temos agido, por criticar como temos criticado. Se procurarmos ser sinceros, veremos que nossas opiniões, nossas críticas, têm sido motivadas por partidarismos, por arrogância, por zelo excessivo divorciado da misericórdia, por orgulho e, principalmente, por falta de amor pelo próximo. Já foi dito que o exército de Deus é o único exército em que os soldados atiram em seus próprios companheiros. Isso é uma verdade! Basta ver a proliferação de textos que circulam na internet (e este é mais um!) onde a preocupação está mais em denegrir a imagem de um líder ou de uma igreja do que de pregar a Salvação em Cristo.
Não fomos postos nesse mundo como juízes! Não temos o direito de julgar a ninguém, muito menos de condenar, essa é uma prerrogativa exclusivamente divina! Nenhum de nós tem autoridade para atirar a primeira pedra!
Se for assim, você me pergunta, vamos deixar tudo ao Laissez faire, ao vai do jeito que quiser? NÃO, ABSOLUTAMENTE, NÃO! Paulo diz: “Eu próprio, meus irmãos, certo estou, a respeito de vós, que vós mesmos estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, podendo admoestar-vos uns aos outros.”(Rm 15:14). Ora, já que estamos cheios de bondade, devemos utilizá-la na admoestação àqueles que têm se equivocado, que têm cometido exageros, que têm pecado e usado o Evangelho em proveito próprio. Não podemos esquecer o que Jesus disse aos fariseus:“Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.” (Mt 9:12 e 13). É nossa obrigação, como servos do Senhor, zelar pela manutenção da doutrina bíblica, exortar e admoestar aqueles que não se conformam a ela ou procuram deformá-la e adaptá-la aos seus interesses, mas devemos fazer isso única e exclusivamente motivados pelo amor e pela bondade.
Às vezes o zelo pela doutrina, pela tradição, pela obra, torna-se um zelo como o dos judeus da época de Paulo: “Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento.”(Rm 10:2). Nos consumimos em ataques uns aos outros, nos arrogamos a detenção da verdadeira interpretação da Bíblia, desprezamos aqueles que pensam diferente de nós, achamos “ridículo” a forma como alguns irmãos se portam na adoração, criticamos o estilo de música que está em moda no meio evangélico, taxamos de heresia tudo o que é diferente daquilo que aprendemos (e muitas vezes nem fomos à Bíblia para conferir se estava certo), e esquecemos o amor e a misericórdia na hora da exortação, da disciplina, da admoestação.
Amados, não podemos agir como quem não tem conhecimento. Lembremos do que Paulo nos orienta: “Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros, em amor, procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.” Ef 4:1-3. Vamos ser mais amorosos em nossas críticas, vamos abandonar o orgulho e parar de destilar nosso veneno contra a vida daqueles que consideramos estar equivocados em sua caminhada cristã.
Esse texto é dirigido primeiramente a mim, pois tenho visto que preciso aprender o que significa “misericórdia quero e não holocaustos”. Se você que o lê se sente como eu, reflita bastante no que foi dito, e vamos construir uma geração amorosa, vamos ser conhecidos como discípulos de Cristo.
No Amor de Cristo,
Gustavo Fraga Alvares

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